O sincretismo afro-cristão
Quando
os escravos (africanos de origem iorubá) chegaram ao Brasil, no período
colonial, não podiam cultuar suas divindades livremente, pois a religião oficial
do nosso país era e é até os dias de hoje o catolicismo; então “incorporaram” o
Catolicismo associando os santos católicos aos orixás do Candomblé (religião africana dos iorubás), esta foi a maneira encontrada pelos negros de
cultuarem seus orixás invocando os santos dos brancos para driblar a vigilância
religiosa dos seus senhores.
Neste período, a Igreja Católica proibia o ritual africano e ainda tinha
o apoio do governo, que julgava o ato como criminoso, por isso os escravos
cultuavam seus Orixás, Inquices e Vodus omitindo-os em santos católicos.
O sincretismo afro-cristão acabou
sendo um artifício usado pelos escravos contra a "cultura superior do povo
que os escravizava". Os adeptos do culto dos orixás se mostravam
convertidos, mas apenas aparentemente.
O sincretismo enfim é o resultado de
um conflito, diferente do termo aculturação, ou seja, é imposto por um choque
entre as diferentes religiões dos negros com o catolicismo no Brasil.
A Umbanda ilustra bem esta “mistura”,
uma religião genuinamente brasileira, surgida na década de 30 no Rio de Janeiro
a partir da combinação de elementos das religiões africanas (ex. candomblé), do
Catolicismo e do Espiritismo.
As práticas existentes dentro dos
terreiros de Umbanda variam muito. Alguns demonstram uma ligação mais forte com
o Espiritismo, outros se aproximam mais do Candomblé. Em comum, têm a força dos
rituais, denominados giras, em que os filhos e filhas de santo entoam cânticos
e dançam ao som dos atabaques.
Nos terreiros umbandistas, o ponto
focal é o congá, altar profusamente enfeitado com flores, velas acesas e
colares de contas coloridas, que simbolizam os diferentes santos e orixás. No
congá, imagens de Jesus, Nossa Senhora e santos católicos dividem espaço com
estatuetas de Preto-velhos, Caboclos, Ciganos, Marinheiros e outras entidades
espirituais.
As
entidades cultuadas no candomblé e na umbanda são 16 orixás, estes correspondem
a um ou mais santos católicos, devido aos santos católicos serem bem mais numerosos.
Vale
ressaltar que os umbandistas representam essas divindades com imagens
diferentes, além de cultuarem outros três espíritos, o preto-velho, o caboclo e
a pomba-gira. Nenhum deles aparece no candomblé.
Claro
que a associação não é exata, ao contrário dos santos católicos, os orixás são
entidades com virtudes e defeitos, e seus seguidores acreditam que eles
conhecem o destino de cada um dos mortais.
Abaixo a relação das cinco principais entidades do
candomblé e da umbanda com as católicas:
ORIXÁ: Iemanjá
SANTA CATÓLICA: Nossa Senhora da Conceição
Iemanjá é a deusa dos grandes rios, mares e
oceanos. Na umbanda, ela é cultuada como mãe de muitos orixás e identificada
com Nossa Senhora da Conceição (uma das manifestações católicas da Virgem
Maria, mãe de Jesus). No candomblé, ela é representada como uma negra e usa
roupas africanas.
ORIXÁ: Iansã
SANTA CATÓLICA: Santa Bárbara
Esposa de Xangô, a Iansã do candomblé e da umbanda
é a deusa dos raios, dos ventos e das tempestades. Na doutrina católica, ela
corresponde a Santa Bárbara, também uma protetora contra raios, tempestades e
trovões.
ORIXÁ: Xangô
SANTO CATÓLICO: São Jerônimo e São João
Tanto para o candomblé quanto para a umbanda, Xangô
é o deus do trovão e da justiça. Ele é associado a dois santos católicos: São
Jerônimo, que no final do século 4 traduziu alguns livros da Bíblia do hebraico
e do grego para o latim, ou São João, que pregava a conversão religiosa e
batizou Jesus.
ORIXÁ: Ogum
SANTO CATÓLICO: Santo Antônio e São Jorge (leia mais)
Para a umbanda e o candomblé, Ogum é o orixá da
guerra, capaz de abrir caminhos na vida. Por isso, costuma ser identificado com
Santo Antônio, o "santo casamenteiro", ou com São Jorge, santo
guerreiro que é representado matando um dragão.
ORIXÁ: Oxalá
SANTO CATÓLICO: Jesus
Na umbanda e no candomblé, Oxalá é a divindade que
criou a humanidade, por isso, ele se equivale a Jesus (pai, filho e espírito
santo). Além de ter modelado os primeiros seres humanos, Oxalá também inventou
o pilão para preparar inhame e é considerado o criador da cultura material.
Existem pessoas que praticam o candomblé e a
umbanda, mas o fazem em dias, horários e locais diferentes.
Significado
de Sincretismo
s.m. Sistema filosófico ou religioso que tende a
fundir numa só várias doutrinas diferentes. Sincretizar significa reunir, o termo vem
da filosofia e aparece em diversas teorias do desenvolvimento.
E
aí gostaram da matéria? Eu sou suspeita, adoro estudar sobre religião ...
Alessandra
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Fontes
de Pesquisa:
Mundo Estranho Abril
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