O Marketing Olfativo no varejo
A
matéria abaixo é de autoria de uma grande amiga de infância, Regina Paulon
Devecchi, espero que gostem!
Os
departamentos de marketing das empresas buscam a cada dia novas maneiras de
atrair seus clientes e torná-los fieis, sejam de forma consciente ou
inconsciente.
Entre
as inovações do marketing, destaca-se o Marketing Olfativo derivado do
marketing experimental, que explora as experiências dos consumidores através da
criação de estímulos e sentimentos. O Marketing Olfativo hoje em dia já está
sendo razoavelmente utilizado, na forma de aromatização de ambientes através da
pulverização de fragrância na atmosfera do varejo, seja através do sistema de
ar condicionado central ou através de equipamentos específicos que dosam a
fragrância em um intervalo de tempo determinado pelo varejista. Além do apelo
visual proporcionado pelas vitrines e promoções, as lojas vêm buscando explorar
cada vez mais outros estímulos e, assim buscando se diferenciarem e se
destacarem da sua concorrência.
O
Marketing Olfativo apresenta esse diferencial, pois sendo utilizada na
aromatização de ambientes sempre a mesma fragrância, a memória olfativa do
cliente será estimulada de forma que ao sentir novamente aquele odor,
automaticamente se lembrará daquela empresa, mesmo sem ter o contato visual com
a sua logomarca, assim nascendo seu logotipo olfativo. A empresa deve conhecer
profundamente seus consumidores para poder criar, juntamente a casa de
fragrâncias, uma essência que além de ressaltar a sua identidade e acordar com
seus valores, agrade seus consumidores de interesse. O objetivo da fragrância é
produzir um ambiente agradável e aconchegante, onde o consumidor sinta vontade
de permanecer por mais tempo, assim aumentando a probabilidade de uma compra
por impulso.
Marketing tradicional Vs.
marketing experimental
Segundo
Schimitt (2002), o Marketing Tradicional possui várias definições, sendo a mais
simples delas descrita como uma visão matemática, racional e analítica dos
consumidores, dos produtos e da concorrência, é uma teoria que não é baseada no
comportamento psicológico dos consumidores e apresenta quatro características
básicas descritas pelo autor:
1ª
diz que o marketing tradicional foca na soma das características e benefícios
de um produto, isto é, supõe que os consumidores somente avaliam racionalmente
os produtos para adquiri-los e o que oferecer o maior valor agregado seria o
escolhido para compra.
2ª
é a visão sobre a concorrência, que segundo os tradicionalistas ocorre
principalmente entre segmentos de produtos definidos de forma restrita.
3ª
vem corroborar com a primeira que visualiza os consumidores como tomadores de
decisões racionais que seguem exatamente as etapas descritas na teoria como
reconhecimento da necessidade do produto, busca de informação, avaliação das
alternativas, compra e consumo e se o consumidor se sentir satisfeito compraria
novamente aquele produto.
4ª
afirma que os métodos e ferramentas utilizadas no marketing tradicional são
analíticos, quantitativos e verbais, novamente insistindo que os métodos são
focados também somente nas características e benefícios dos produtos.
Outro
detalhe importante ainda se tratando do marketing tradicional é que a maioria
dos teóricos considera que as marcas são somente identificadores e nada mais
(Schimitt, 2002).
O
Marketing Experimental, como o próprio nome diz explora as experiências dos
consumidores, essas vivências são estímulos criados para os sentidos,
sentimentos e para a mente e, segundo Schimitt (2002), também apresentam quatro
características básicas que o diferencia do marketing tradicional:
1ª
diz que o marketing experimental foca nas experiências dos consumidores, onde
as experiências geram emoções, sensações, identificações e valores cognitivos
que vem substituir os valores funcionais tão valorizados pelos
tradicionalistas.
2ª
relata o consumo como uma experiência holística, isto é, os profissionais de
marketing experimental enxergam o consumo em sua totalidade, criando sinergias,
além disso, vislumbram que o consumidor não avalia um produto como um item
isolado somente focado em seus benefícios e características, mas sim como ele
se encaixa na situação geral de consumo e nas experiências resultantes.
3ª
relata que os profissionais do marketing experimental não consideram os
consumidores somente como seres racionais como os tradicionalistas, eles também
os tratam como seres emocionais.
4ª
os métodos e ferramentas utilizadas no marketing experimental são
diversificados e multifacetadas isto é, são ecléticas.
Com
relação às marcas, o marketing experimental enfoca que não basta somente criar
uma identidade, deve haver entre a marca e o consumidor relações sensoriais,
afetivas, criativas e estilos de vida relacionados com a marca (Schimitt,
2002).
É
importante destacar que a satisfação não está ligada apenas à aquisição do
produto ou serviço, visando somente às necessidades, é preciso ir além e
realizar os desejos, vender sensações e não apenas qualidades funcionais do
produto (Silva, 2009, p. 1).
Comparando
as informações citadas acima se pode concluir que a diferença entre o marketing
tradicional e o marketing experimental é que o primeiro foca exclusivamente nas
características e benefícios do produto, enquanto o segundo está focado nas
experiências sensitivas, afetivas e de conhecimentos, como demonstrado na figura
abaixo.
Dentro
do marketing experimental, tem-se o marketing sensorial, que faz apelo aos
cinco sentidos, audição, visão, paladar, tato e olfato, podem ser usados para
três objetivos estratégicos: para diferenciar a si mesma e a seus produtos no
mercado, para motivar os clientes a comprar os seus produtos e para transmitir
valores aos clientes (Schimitt, 2002). Segundo Silva (2009), o marketing
sensorial são ações publicitárias criadas com o intuito de criar vínculos entre
o produto e o serviço relacionado ao consumidor, ou seja, proporcionar ao
cliente uma diferenciação na prestação de serviços, o que é capaz de remeter ao
cliente uma percepção de valor único, sendo assim quando o elemento torna-se
reconhecido na lembrança do consumidor é sinal que o investimento foi positivo.
O
que os clientes veem, escutam e cheiram afeta não apenas sua maneira de agir,
como também suas emoções, sua memória e sua conexão com a marca ao longo do
tempo (Mckinley, 2008, p. 15).
O
marketing olfativo é o marketing sensorial que utiliza os estímulos olfativos
para reforçar a lembrança da marca nos consumidores através da aromatização de
ambientes (Souza, 2007). Sendo assim, ao aromatizar um ambiente em uma loja
através da pulverização de fragrância, seja através do ar condicionado ou
através de equipamentos específicos, a empresa se diferencia das outras e consequentemente
agrega a sua logomarca visual um logotipo olfativo.
Lindstrom
(2007) cita em sua obra dois exemplos que relatam a eficiência do marketing
olfativo, a primeira delas diz que dois pares de tênis idênticos de uma
determinada marca foram colocados em duas salas também idênticas, mas
separadas, sendo que uma das salas foi aromatizada com uma fragrância floral e
a outra não. Uma pesquisa constatou que 84% dos consumidores pesquisados
preferiram os tênis expostos na sala com fragrância, além de darem um valor
maior também aos pares localizados na sala aromatizada.
A
segunda experiência relatada foi realizada em um Cassino em Las Vegas, onde uma
área foi separada e aromatizada com uma fragrância não relatada e nas semanas
seguintes a renda das máquinas localizadas nas áreas sem aromatização foi
comparada com as rendas das máquinas localizadas na área aromatizada e foi
constatados lucros 45% maiores nas áreas aromatizadas. Hawkins, Mothersbaugh e
Best (2007) também relatam uma experiência positiva da utilização do marketing
olfativo, o estudo descrito mostrou que um ambiente aromatizado aumenta a
atenção dispensada do consumidor na avaliação das marcas, o que consequentemente
aumenta a memorização, inclusive de marcas desconhecidas.
Tomazelli,
Ugalde (2009) mencionaram uma experiência realizada no Brasil em 2004 pelo
Point of Purchase Advertising International que indica que a utilização da
aromatização de ambientes no ponto de venda pode elevar em pelo menos 20% o
faturamento do varejo.
Por
outro lado, uma pesquisa realizada por Gonzalez (2007) mostrou que para a
terceira idade o atributo aromatização de ambientes, não foi considerado como
relevante em uma loja, isto se explica devido aos idosos normalmente
apresentarem uma capacidade olfativa prejudicada (Andrade, Devecchi, 2008).
A importância do olfato
O
olfato é um estímulo sensorial extremamente bem definido, que tem a capacidade
de separar precisamente estruturas moleculares. Além disso, o estímulo olfativo
é muito mais simples do que o estímulo visual, que consiste de contornos,
texturas, formas e movimentos extremamente complexos (Axel, 2005). Os seres
humanos possuem entre 6 a 10 milhões de células receptoras que estão
localizadas no epitélio olfativo, sendo essas células capazes de capturar cerca
de 10000 odores e distinguir entre 2000 e 4000 aromas distintos (Kny, 2006).
Ainda
segundo Kny (2006), estudos mostram que as mensagens olfativas fogem do
controle racional, pois sugerem que os receptores olfativos são uma parte do
aparelho emotivo em contato direto com o mundo exterior, pois não passam nem
pelo tálamo e nem pelo córtex cerebral como ocorre com os estímulos visuais e
auditivos. Acredita-se que as respostas aos estímulos olfativos são automáticas
e não complexas, porque o cheiro percorre apenas uma pequena distância do nariz
até o sistema límbico do cérebro, logo os odores requerem pouco ou nenhum
esforço cognitivo para serem assimilados, podendo ocorrer até mesmo
inconscientemente, diferente dos outros sentidos.
O
sistema olfativo é capaz de identificar uma lista infinita de odores que nos
rodeiam diariamente, estes trazem a mente imagens, lembranças, sensações e
associações, portanto podem alterar o humor das pessoas. Experimentos
demonstraram 40% de melhora no humor das pessoas quando expostas a um odor
agradável, principalmente quando o mesmo desperta uma lembrança feliz
(Lindstrom, 2007). As fortes associações evocadas pelo odor ajudam os
profissionais de marketing a gerar uma percepção ou um sentimento desejado ao
intensificarem ou criarem uma identidade (Schmitt; Simonson, 2002).
A fragrância
Fragrância
é definida como uma combinação entre 20 a 500 substâncias odoríferas naturais e
sintéticas, em uma estrutura de acordes harmônicos e com uma identidade e é
formulada de acordo com as normas de segurança do manual da IFRA (International
Fragrance Association), divulgado e preconizado no Brasil pela ABIFRA
(Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Essenciais, produtos Químicos
Aromáticos, fragrâncias, aromas e afins). Em relação às restrições de uso, as
normas da IFRA baseiam-se em avaliações de segurança feitas pelo painel de
experts do RIFM (Research Institute for Fragrance) e são recomendadas pelo
comitê científico da IFRA (Andrade, Devecchi, 2008).
Uma
fragrância se compõe de três partes cabeça, corpo e fundo. A cabeça é a
primeira impressão que se tem da fragrância, são as matérias-primas mais
voláteis. Por outro lado, o chamado corpo, que é também conhecido como o
coração da fragrância, são matérias-primas menos voláteis que constituem o tema
principal da fragrância e determinam seu caráter. E finalmente o fundo que é a
parte final da fragrância, composta de matérias-primas menos voláteis e de
maior fixação. As notas de fundo aparecem depois que as notas de cabeça já se
evaporaram e as notas de corpo já não estão quase presentes (Andrade, Devecchi,
2008).
A Atmosfera do varejo
A
atmosfera de um varejo é considerada como um conjunto de recursos que abrangem
desde a apresentação externa da loja, layout, forma de exposição dos produtos,
até seus preços e pessoal de atendimento, isto é, um conjunto de todos os
elementos que podem ser controlados com o objetivo de influenciar as reações
afetivas, comportamentais, cognitivas e físicas dos indivíduos, sendo descrita
em termos sensoriais através dos cinco sentidos humanos (Parente, 2007; Kny,
2006; Hawkins, Mothersbaugh, Best, 2007).
Segundo
Espinoza e Zilles (2007) são três as dimensões da atmosfera de varejo que
exercem influência sobre os consumidores, sendo a primeira a dimensão social
que se refere às pessoas que compõem a atmosfera, a dimensão design, que
abrange características especialmente visuais e a dimensão ambiente que designa
as condições que afetam os cinco sentidos humanos.
Os
varejistas entendem que a atmosfera é a personalidade da loja e tanto já
reconhecem sua importância que cada dia mais despendem energia e recursos para
planejar e construir espaços físicos coerentes com o seu consumidor,
desenvolvendo assim um sentimento psicológico no mesmo quando ele visita a
loja. (Espinoza e Zilles, 2007; Parente, 2007). O varejista utiliza-se do ponto
de venda para firmar seu posicionamento e comunicar seus propósitos aos seus
consumidores (Bitner, 1992 apud Costa, Queiroz, 2009).
Como
citado por Kny (2006), o varejista deve somente tomar cuidado, pois existe uma
distinção entre a atmosfera pretendida e atmosfera percebida. A atmosfera
pretendida engloba todos os elementos sensoriais que o varejista buscou embutir
no cenário, enquanto a atmosfera percebida depende da percepção e resposta de
cada indivíduo exposto aos estímulos proporcionados pela atmosfera.
Confirmando
as teorias apresentadas por Kny (2006) e também Espinoza e Zilles (2007),
dizendo que a atmosfera da loja evoca emoções, as quais ajudam a determinar o
valor percebido pelo cliente e este, por sua vez, será motivador da decisão de retornar
ou não a um estabelecimento.
Regina
Devecchi
Perfumista
Artigo de excelente conteúdo!
ResponderExcluirJaeder Ladislau Amurim
jlamurim@marketingtradeshowbrasil.com.br
WWW.marketingtradeshowbrasil.com.br
Olá Jaeder!
ExcluirAgradeço em nome da minha amiga Regina!
Leleka
Toda criatividade deves ser valorizada e compartilhada!
ExcluirO Marketing Olfativo no varejo
http://www.marketingtradeshowbrasil.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=455&Itemid=418
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Abçsss
Jaeder Ladislau Amurim
Bom Dia Jaeder!
ExcluirMuito Obrigada ...
Tenha uma boa semana.
Leleka
As empresas devem estar sempre se atualizando, inclusive nos seu método de divulgação de seus produtos, achei muito interessante essa idéia de marketing, afinal todos os métodos lícitos devem ser explorados.
ResponderExcluirOlá Guto!
ExcluirConcordo com você, desde que seja para o bem que mal tem, não é verdade?
Sua inscrição foi aceita e em breve receberá o seu nº da sorte.
Obrigada pela visita, comentário e participação no sorteio,
Leleka
Eu gostei dessa materia porque vejo o poder q esse marketing olfativo exerce sobre nós.Ainda hj conversava sobre isso c minha filha.Em especial nos alimentos isso é muito evidente.
ResponderExcluirOlá Josi!
ExcluirÉ verdade, o cheiro dos alimentos é tudo de bom, ou não rsrs.
Sua inscrição foi aceita, verifique seu e-mail e boa sorte!
Beijinhos,
Leleka