Jaqueline Roriz – a deputada que “escapou” da cassação
Biografia
A Deputada Jaqueline Maria Roriz
(PMN/ DF) nascida em 18 de agosto de 1962 é natural de Luziânia-GO. Empresária
do ramo agropecuário, Jaqueline é formada em pedagogia pela UniCEUB, tem dois
filhos e é casada com o empresário Manoel Neto.
Ela é filha do ex-governador do
Distrito Federal, Joaquim Domingos Roriz e Wesliam Perpétuo Socorro Peles Roriz,
e é irmã da deputada distrital Liliane Roriz.
Seu
pai Joaquim Roriz, que governou o Distrito federal por 14 anos, foi impedido de
concorrer ao governo nas últimas eleições barrado pela Ficha Limpa. Em 2007 ele
renunciou ao mandato de senador para escapar de processo disciplinar semelhante
ao da filha.
Jaqueline disputou sua primeira
eleição em 2006 pelo PSDB elegendo-se deputada distrital do Distrito Federal e
em 2009 filiou-se ao PMN.
Nas eleições distritais no DF em
2010 elegeu-se deputada federal com a terceira menor votação.
Durante o ano de 2011,
o primeiro de seu mandato como deputada federal, Jaqueline esteve
presente em 83 sessões plenárias das 107 sessões deliberativas. Das suas 24 ausências
justificou 13 como missões autorizadas pela Câmara em comunidades e outros
projetos de parlamentar. Nas comissões, a deputada participou de 57 das 70 sessões
(81,4%) e deixou de justificar 10 delas.
Jaqueline é titular da Comissão de
Relações Exteriores e Defesa Nacional e de Reforma Política, e suplente da
Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural.
O mensalão do DEM - Operação
Caixa de Pandora
O chamado mensalão do DEM é o resultado
das investigações da Polícia Federal na Operação Caixa de Pandora. O esquema de
desvio de recursos públicos envolvia empresas de tecnologia para o pagamento de
propina a deputados da base aliada.
As
imagens foram gravadas pelo ex-secretário de Relações Institucionais, Durval
Barbosa, que, na condição de réu em 37 processos, denunciou o esquema por conta
da delação premiada.
No
dia 4 de março de 2011, o jornal Estado de São Paulo divulgou um vídeo, gravado
em 2006, que flagra a deputada Jaqueline Roriz (na ocasião deputada distrital),
ao lado do marido Manuel Neto, recebendo um maço de dinheiro (50 mil reais) para a campanha das
mãos de Durval Barbosa, delator do Mensalão do DEM e ex-secretário de Relações
Institucionais do Distrito Federal do Governo de José Roberto Arruda.
Em 8 de junho de 2011 o Conselho de
Ética aprovou um relatório sugerindo a cassação do mandato de Jaqueline Roriz
por quebra do decoro parlamentar.
No dia 30 de agosto de 2011, em
votação secreta, parlamentares rejeitaram o relatório do deputado Carlos
Sampaio (PSDB-SP), que pedia a perda de mandato (cassação), aceitando o
argumento de que na época da gravação (2006) ela ainda não tinha mandato como
deputada federal.
Para
que Jaqueline perdesse o mandato, era necessária a concordância da maioria
absoluta dos deputados, ou seja, 257 votos (mais da metade dos 513
parlamentares da casa).
* Se
a cassação tivesse sido aprovada, Jaqueline ficaria inelegível por oito anos. *
Crédito da Foto: Valter Campanato da Agência Brasil
A votação
No início da sessão, a pedido de
deputados, o presidente da Câmara Marco Maia (PT-SP) determinou a retirada de
câmeras do plenário, com a finalidade de evitar que os votos dos parlamentares
fossem revelados, depois voltou atrás e autorizou o retorno das câmeras.
A votação secreta ocorreu por
processo eletrônico, pelo qual os deputados, da própria bancada, apertavam um
botão para votar a favor ou contra.
O autor do relatório que pedia a
cassação de Jaqueline Roriz, o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), foi o
primeiro a falar. Ele defendeu a cassação sob o argumento de que, embora tenha
acontecido antes da eleição, o fato que motivou o processo de cassação só veio
a tona em março de 2011, durante o exercício do mandato da deputada.
Durante a votação sobre o destino da
deputada, manifestações em Brasília pediam a sua cassação.
A própria Jaqueline não acompanhou
toda a votação, deixando o Congresso Nacional pouco antes das 20h. Em seu
favor, apesar de um quórum de 451 votantes, 20 deputados se abstiveram de votar,
entre eles: deputada Fátima Pelaes (PMDB-AP), citada recentemente em suspeitas
de desvio de recursos de um convênio no Ministério do Turismo, o presidente da
Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e réu no processo do mensalão no
Supremo Tribunal Federal (STF), João Paulo Cunha (PT-SP), e o próprio
corregedor da casa, Eduardo da Fonte (PP-PE).
Os colegas teriam sinalizado que cassá-la por caixa dois abriria precedente para que outros perdessem o mandato.
Jaqueline foi absolvida das acusações de recebimento de dinheiro ilícito e uso da verba de gabinete para o pagamento de aluguel do escritório do marido: foram 265 votos contra, 166 votos a favor e 20 abstenções.
A
deputada hoje
Nos corredores da Câmara, nas comissões e no cafezinho, Jaqueline é tratada com carinho, pelos colegas deputados. Os que passam por ela fazem questão de parar, dar um abraço, perguntar "como vão as coisas". Segundo interlocutores próximos à deputada a maioria dos deputados a apoiou durante todo o processo.
Quase
8 meses após escapar da cassação na Câmara dos Deputados, Jaqueline adotou uma
postura discreta em seu mandato, sem "aparecer" muito. Falta pouco às
sessões plenárias e às comissões e evita entrar em discussões acaloradas.
Pessoas próximas à Jaqueline garantem que o fato de a deputada estar aparecendo menos é uma estratégia da sua equipe. Enquanto ela estiver "esquecida" a chance de uma nova avalanche de críticas e denúncias é menor.
Um exemplo da postura adotada pela
deputada após o processo no Conselho de Ética aconteceu quando ela tentava
colher assinaturas de deputados para abrir uma investigação a denúncias envolvendo um
adversário político. Jaqueline foi aconselhada por colegas e pela própria
equipe que aquele não era o momento de se envolver em polêmicas e, muito
menos, atacar os adversários.
Ao mesmo tempo, com um mandato discreto, Jaqueline tem aproveitado para visitar as bases eleitorais no Distrito Federal para explicar aos eleitores a situação que passou e "tranquilizá-los".
Uma
das cidades que a deputada mais visita é Santa Maria, base eleitoral da
deputada, distante 26 km de Brasília.
Jaqueline
também viaja muito para visitar o filho, que não mora no Brasil, e em casa
evita falar de política.
Mesmo
tendo respondido a um processo de cassação, a aprovação da deputada federal não
diminuiu no último ano. Uma pesquisa feita com 900 pessoas, de 4 a 7 de
novembro e divulgada em 9 de novembro pela O&P mostrou que a deputada ainda
é a terceira parlamentar da Câmara em aprovação, com 7,2%.
Jaqueline perdeu para Antônio Reguffe (PDT), que teve 31,1% de aprovação, e Erika Kokay (PT), que atingiu 8,7%. Na época, o assessor de imprensa da deputada considerou o número muito positivo.
Requerimento de
criação da CPI mista do Cachoeira
A Mesa do Congresso Nacional
divulgou nesta sexta-feira, 20, a lista dos parlamentares que assinaram o
requerimento de criação da CPI mista do Cachoeira. Foram 72 dos 81 senadores e
396 dos 513 deputados. Em uma investigação com tanto apoio chama mais atenção
quem não rubricou o requerimento, neste grupo, que não apoiou o pedido de investigação, estão alguns
personagens de outros escândalos:
- Jaqueline Roriz (PMN-DF);
- Valdemar da Costa Neto (PR-SP) e
Pedro Henry (PP-MT), ambos réus no processo do mensalão em andamento no Supremo
Tribunal Federal;
- Zeca Dirceu (PT-PR), deputado
paranaense e filho de outro réu, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu. O
ex-ministro prestou consultoria à empresa Delta, uma das envolvidas no
escândalo que levou à prisão do empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos
Cachoeira;
- Eduardo Azeredo (PSDB-MG), parlamentar
mineiro envolvido em outro mensalão;
- Paulo Maluf (PP-SP), ex-governador
e réu em algumas ações no Supremo Tribunal Federal (STF).
Como já disse anteriomente, não estou aqui para julgar ninguém, apenas mostro os fatos, não sou e nem tenho pretensão de ser política, cada um que tire suas próprias conclusões!
Alessandra
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